Esconderijos / Adriana Garcia

Nos contos de Adriana Garcia o encontro é o grande acontecimento do vivido. O erotismo, com sua força vital, é capaz de transformar tudo em festa e crença na vida, em celebração e alegria, mesmo que a paisagem seja áspera e que haja poderosos interditos sociais e pessoais. 
Em ambientes furtivos e sedutores, os personagens se aproximam e se revelam. Se a linguagem erótica é explícita, as narrativas vêm envoltas em tramas amorosas plurais. Os contos trazem encontros entre casais de mulheres, de homens e de homens e mulheres. É no esconderijo — da alma e dos corpos, das seduções e dos movimentos, das vozes e das sugestões — que mora o desejo mais ardente.
O livro é composto pelos contos: “Sete minutos”, “Piano”, “O jantar”, “Quarto quatro”, “Deusa”, “Mulher selvagem”, “Alice chama”. Neles, a escrita da autora nos conduz e nos seduz, mostrando que também a palavra, além dos sentidos, nos leva para os lugares mais imprevisíveis e excitantes. A amante, por exemplo, que diante da falta de controle sobre o desejo de seu amado entra num fluxo de pensamento e relembra os momentos mais íntimos que tiveram; uma personagem se rende ao convite para um show de piano feito pelo ex-orientador; a relação entre duas amigas se incendeia durante um jantar há muito desejado e elas se descobrem livres na paixão; um homem desconhecido é abordado por um bilhete e convidado para um encontro em um quarto de hotel no centro da cidade; uma mulher descobre-se enlouquecida por uma personagem selvagem e se lança em uma viagem inesperada, entre o sonho e o delírio; duas mulheres vivem as delícias e aflições de um apaixonamento dentro de um triângulo amoroso.. 
É sobretudo no momento enigmático do reconhecimento do outro que os olhares, o toque e a entrega entre os seres é mais intensa. O jogo se dá entre o que se reconhece como atração manifesta ou como sedução e, por outro lado, o que se insinua como distância, respeito, aproximação proibida ou interdita, mas intensamente desejada. Como diz Geruza Zelnys, na orelha do livro, “é na dança do desejo (e) da palavra que está a potência desses contos que envolvem e friccionam o leitor no corpus literário”.
Ao final de cada história, há uma lista com as canções que serviram de inspiração, ou que tenham sido diretamente citadas, e um QR code remete a uma playlist hospedada no Spotify, com o mesmo título dos textos. 
 
Sobre a autora
Adriana Garcia nasceu em São Paulo, em 1971. É psicóloga, especialista em atendimentos a casais e famílias pela Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA) e pelo Instituto J.L. Moreno. Após trinta anos de atuação na área clínica, começou a incursionar pelo mundo literário. Esconderijos é seu primeiro livro.