Herbário da memória / Katia Marchese

Os poemas de Katia Marchese recorrem a imagens vegetais para falar de sentimentos profundos e para esboçar uma ética da memória, do corpo e das relações afetivas. Nas palavras visionárias da poeta, este herbário é uma “coleção de melancolias de tudo aquilo que irá nos faltar”. Nesse sentido, a poesia é o gênero literário capaz de unir passado e futuro, por meio de um discurso potente, ancorado no presente.
Herbário da memória reúne 16 poemas, em uma edição bilíngue (português/espanhol). São versos sobre a percepção do tempo, sobre lembranças familiares, sobre afetos persistentes, a crise ambiental e a intersecção entre subjetividade, observação, florescimento e outros ritmos vegetais.
O herbário é uma coleção de espécies que vão sofrendo o apagamento progressivo que submete flores, folhas e outros elementos vegetais. Esta coleção de poemas se relaciona com espécies botânicas que são, a um só tempo, um mostruário de folhas e flores, um catálogo de emoções e um recenseamento de memórias.
O conjunto de poemas também aponta para uma melancolia mais ampla, de dimensões planetárias, ao registrar a instabilidade climática e a grave crise ambiental, que é também cultural e econômica. Alguns poemas carregam a melancolia da falta e da devastação, apontam para um futuro imprevisível e um iminente desastre. Um dos poemas, “Profecia” conversa com o pensamento de Ailton Krenak, ao temer a “anemia da terra”, acusar o “tombar das árvores” e ao se perguntar o que é possível fazer com “um céu que está caindo”.
 
Sobre a autora
Katia Marchese nasceu em Santos em 1962. É poeta, com textos publicado em antologias e periódicos, autora da plaquete Por favor, diga meu nome (Coletivo O Ateliê de Poesia, 2019) e do livro Mulheres de Hopper (Patuá, 2020). Trabalha como consultora em projetos de gestão pública e vive em Campinas (SP).